Quando a aplicação das normas de gestão não gera resultados, é fundamental o envolvimento das pessoas e a busca de ações que agreguem valor
Com a mudanças relacionadas aos novos requisitos da ISO 9001 em sua revisão de 2015 e o cenário de crise , dificuldades e duvidas sendo inevitável entender o que deve ser feito nas organizações para gerar resultados positivos , agregar valor e o nível de comprometimento dos funcionários de uma organização com o negócio, sem dúvida afeta seus resultados, porém nem todas as organizações dão a devida importância a este aspecto da gestão do negócio; uma parte delas porque dão foco a outros aspectos do negócio, uma outra parte porque não sabem como fazê-lo; e outra porque não consideram isso importante, já que os funcionários trabalham porque precisam e só isso já seria suficiente para os terem comprometidos , mas o que deve ser feito para gerar resultados?
Toda organização tem suas diretrizes e políticas que geralmente vem da Alta Direção e que nas atividades do dia a dia, ficam evidentes que são praticadas ou que se buscam essas práticas.
Alguns exemplos que podem ser mencionados: atender ao cliente no prazo e com qualidade; trabalhar com segurança; cuidar do meio ambiente, capacitação dos funcionários; evitar desperdícios; cumprir os horários de trabalho; manter o ambiente de trabalho limpo e organizado; cumprimento às legislações aplicáveis etc. Nem todas as diretrizes e políticas que a organização implementa e busca faze-las cumprir, estão necessariamente dentro das mais modernas práticas de gestão; entretanto as pessoas que trabalham pela organização conseguem observar a incorporação dessas políticas ou diretrizes na gestão do negócio, sejam elas positivas ou negativas.
Ter os funcionários comprometidos, pode ser difícil, mas é uma questão da organização querer e trabalhar para isso.
Mas o que deve ser feito?
O comprometimento dos funcionários deve ser uma diretriz ou uma política da Alta Direção, a ser desdobrada pelos gestores (Gerentes, Supervisores, Coordenadores, Líderes etc), que precisam ser os primeiros a estarem comprometidos com o negócio, senão, vai ficar difícil convencerem suas equipes, mas este direcionamento está claro? Surge então os questionamentos naturais:
A organização tem objetivos e metas definidas?
Os funcionários conhecem os objetivos e metas da organização, bem como os prazos para cumpri-los?
Os funcionários sabem o que está sendo feito pela organização para atingir os objetivos e metas (ações, treinamentos, investimentos, mudanças etc.)?
Os funcionários sabem como contribuir para atingir os objetivos e metas?
Quais os objetivos e metas eles devem conhecer? Todos?
Quem deve fazer o trabalho de divulgação e conscientização sobre os objetivos e metas?
Uso como base a mensagem do livro Faça o que tem de ser feito e não apenas o que lhe pedem do autor Bob Nelson que é simples mas poderosa: fazer o que precisa ser feito, e não apenas o que lhe pedem, é a marca registrada da excelência profissional. Esta é a postura que devemos adotar para crescer e nos realizarmos profissionalmente. Atender a um cliente, solucionar um problema, ajudar um colega de trabalho, dar uma sugestão para economizar dinheiro, desenvolver uma idéia ou aprimorar um processo são ações esperadas de cada pessoa a partir do momento em que é contratada.
A norma ISO 9001:2015 declara em seu requisito 6.2. Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los e que “A organização deve estabelecer objetivos da qualidade nas funções, níveis e processos pertinentes necessários para o sistema de gestão da qualidade”, mas as empresas aplicam este requisito muitas vezes de forma superficial e não tiram vantagem do potencial de ação que as pessoas envolvidas podem gerar.
A mensagem que poucas empresas declaram explicitamente e que, com este livro, todas as pessoas poderão ouvir:
Nós o contratamos para fazer um trabalho, porém, mais importante que isso, nós o contratamos para você pensar, usar seu discernimento e agir segundo o interesse da empresa em todos os momentos. Faça sempre o que tem de ser feito, não espere que lhe peçam.
Apesar da aplicação de normas de gestão nas organizações e construção de sistemas, muitas vezes complexos, o fundamental são colaboradores que entendam os objetivos definidos e que tenham atitude para identificar e agir quanto as suas necessidades e a busca de resultados.
E como o conceito de procrastinação tende a aumentar na atual sociedade, que é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está a procrastinar, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos. Embora a procrastinação seja considerada normal, torna-se um problema quando impede o funcionamento normal das ações as empresas necessitam de pessoas com atitude para toma ação "fazer as coisas acontecerem".
Francisco Jesuíno Fernandes Junior é auditor da ABNT e coordenador do Grupo de Gestão da Qualidade do Simespi