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A controladoria e seu papel na sucessão de empresas familiares

“A controladoria deve participar da composição do plano de governança corporativa e sucessão, por visar direcionar o mais recomendável modelo de gestão”.

Toda empresa que pretenda se perpetuar dentro de um ciclo virtuoso de conquistas necessita de gestão, inovação e engajamento de seus colaboradores. Não obstante, tratando-se de empresas familiares, prescindir de políticas claras de sucessão podem levar estas organizações a um processo de extinção precoce.

Dados do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), tomando como referência as empresas brasileiras constituídas em 2012 e as informações sobre estas empresas disponíveis na Secretaria da Receita Federal do Brasil até 2014, revelam que a taxa de sobrevivência das empresas com até dois anos de atividade foi de apenas 76,6%. Significa dizer que a taxa de mortalidade no mesmo período foi de 23,4%. Observa-se um percentual elevado de empresas que sucumbem logo nos primeiros anos de atividade e sequer ultrapassam uma primeira etapa de sucessão.

Em linhas gerais, empresas familiares são aquelas formadas pelo empreendedor patriarca que normalmente inicia um pequeno negócio e incorpora, ao longo do tempo, toda sua experiência no desenvolvimento e progresso. No curso do crescimento empresarial é que se cria a cultura organizacional, onde estarão arraigados valores. Com o passar do tempo o fundador envolve na sua atividade membros da família, dando espaço a empresa familiar.

Dentro do universo empresarial, o que se verifica com frequência, são empresas familiares arcaicas, cujo controle, em todos os níveis de gestão, figura-se concentrado e personificado nas mãos do proprietário fundador. Este exemplo clássico de empresa reflete uma provável organização fadada a desaparecer na medida em que seu fundador deixa de existir, isto é, sem mesmo superar a primeira geração.

Em que pese todas as dificuldades que envolvem a formação de um sucessor para gerir o negócio, quanto antes houver a consciência de seus proprietários fundadores para iniciar a transição, maior a chance de a empresa familiar prosperar.

Com efeito, sabe-se que uma das mais complexas mudanças na administração de uma empresa familiar consiste na “passagem do bastão”. Transformações, novas políticas e diferentes modelos de gestão inevitavelmente divergem quando se admite o ingresso de líderes da nova geração no negócio. Por essa razão, quanto mais planejada for à sucessão empresarial, melhor resultado haverá na continuidade, prosperidade e crescimento da companhia.

Neste contexto, como facilitador no processo de sucessão, surge a controladoria a qual tem como uma de suas funções a governança corporativa. A controladoria, portanto, pode viabilizar a implementação de boas práticas de governança com a finalidade de aumentar o valor da organização, contribuindo para a garantia de sua continuidade.

Uma das funções essenciais da controladoria consiste em viabilizar a implementação de boas práticas de governança corporativa com a finalidade de aumentar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a garantia de sua continuidade. Em outras palavras, a controladoria tem o papel de assegurar o melhor resultado para a empresa, identificar os melhores caminhos a seus investidores, bem como salvaguardando sua perpetuidade no mercado de forma sustentável.

Enquanto unidade administrativa, a controladoria é responsável por alimentar os gestores com informações relevantes e necessárias ao processo decisório, coordenando e integrando as ações voltadas para o cumprimento da missão e a atuação eficiente.

Empresas familiares no estágio da sucessão demandam uma série de informações da área de controladoria, pois é ela que reúne elementos gerenciais, financeiros, estratégicos, corporativos e societários de forma a municiar a alta direção na tomada de decisões. Em outras palavras, a controladoria irá consolidar as métricas dos indicadores macros de desempenho da gestão, orientando os sucessores, e, possibilitando a identificação de quais recursos operacionais e estratégicos serão necessários para a evolução do negócio.

Conclui-se que a controladoria deve participar de forma efetiva da composição do planejamento estratégico, bem como do plano de governança corporativa e sucessão, pois é ela que demonstrará aos acionistas e familiares sua real situação, orientando ou mesmo direcionando o mais recomendável modelo de gestão. Pode-se considerar que, quanto mais organizada e atuante a controladoria no ambiente empresarial, maiores as chances de se tornar uma fonte de ricas e precisas informações, podendo auxiliar, em especial, as empresas familiares, notadamente quando do ingresso dos sucessores no negócio.

Dr. Luiz Angelo Sabbadin é Contador e Advogado, Diretor Executivo Comercial da Semcon Contabilidade, atua nas áreas da Consultoria Tributária, Empresarial e do Contencioso Administrativo Tributário; Especialista em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET); Pós-Graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV); Pós Graduado em Controladoria e Finanças pela UNICAMP; Conselheiro Membro do Conselho Municipal de Contribuintes de Piracicaba/SP e Diretor Financeiro do SINCOP – Sindicato dos Contabilistas de Piracicaba e Região E-mail: luiz@semcon.com.br

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