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Ética, uma questão de Virtude

“Agir corretamente seria praticar as virtudes” (Aristóteles)

 

A ética passou a ser o assunto principal do dia a dia no mundo, e porque não falar no cotidiano das pessoas, todo o dia vê livros sendo publicados, artigos em jornais e revistas, empresas, escolas e comunidades investindo grande parte de seu tempo e dedicação em programas que visam à educação da ética e da moral.

Por que este retorno aos conceitos éticos e morais? Pensamos que a volta ao debate sobre estes assuntos está intimamente ligada ao stress provocado pela busca incessante de bens materiais. (ALENCASTRO, 2010). […] “Estamos diante de um modelo de sociedade industrial e capitalista que cresceu arraigada no individualismo e na supremacia do homem sobre a natureza”.

Evidentemente a ênfase que este estilo de vida deu à competição, ao individualismo e consumismo tenham nos conduzido a uma grave situação de crise socioambiental catastrófica.

Tendo esse contexto avassalador tomado conta do cenário global, é através do comportamento ético que poderemos nos conscientizar e agir através de uma participação mais útil à sociedade. A ética é uma atribuição inerente ao ser humano que mostra através de seus conteúdos de conhecimentos o comprometimento de discernir o que é certo ou errado, bem e mal e o que é permitido ou proibido, consequentemente esses valores estão enraizados em vários segmentos da sociedade.

A partir do momento que o indivíduo tem consciência dos compromissos éticos que tem para consigo e para com o outro passa a agir em consonância com esses princípios. (ALENCASTRO, 2010) enfatiza; […] “todas as pessoas possuem um senso ético e estão constantemente avaliando e julgando suas ações, que, quase sempre, não envolvem apenas o indivíduo, mas também as outras pessoas que poderão sofrer as consequências do que este fizer”.

A importância sobre a ética faz revivermos um passado onde os valores morais religiosos vividos na época tinham um código moral baseado nos princípios onde quase tudo era proibido com pena de sermos conduzidos a condição de pecadores, e, portanto, com a perda da condição de cidadão honrado. O tempo foi passando e esses valores foram modificados ou substituídos por valores mais embasados na relação do “eu” com o “outro”, hoje temos a responsabilidade de nos comprometer com conceitos mais elaborados com relação aos conceitos estabelecidos pela ética.

A ética é um conjunto de valores criados e condicionados em um código de comportamento que visa o comprometimento com normas, procedimentos e avaliações que estão de acordos com as leis do país em que vivemos. Além desses valores existem os conceitos éticos globais cujos procedimentos escolhidos como princípio de vida definem a boa convivência com o próximo. Inseridos nesses valores podemos citar o respeito aos nossos semelhantes e ao mundo que nos rodeia, incluindo a fauna a flora e tudo que pode dar sustentabilidade ao nosso planeta e a vida na Terra.

Colocando a ética como alicerce para nossas atitudes vê que só é possível construirmos o edifício partindo de um alicerce sólido e verdadeiro. Na busca da verdade ética devemos desconfiar de nossas próprias ideias, ou seja, desconfiar do dogmatismo.

 

Na sociedade atual percebemos que é muito difícil o desejo da busca da verdadeira ética porque o bombardeio diário que ocorre através da mídia, seja escrita, falada ou televisiva faz com que as pessoas acreditem que estão recebendo informações verdadeiras e confiáveis quando nos colocam em sua grade informativa assuntos ligados a política, a filosofia, as artes, a ciência. Fornecem as imagens como se fossem verdades inquestionáveis coincidindo diretamente com o dogmatismo, acreditamos simplesmente sem termos a percepção de verificarmos se são verdadeiras ou não.

 

Temos a priori que nos comportar de maneira tal que possamos ser bons e úteis para a comunidade em que pertencemos, e essa comunidade tem hoje um aspecto muito mais amplo e relevante que tínhamos num passado não muito distante. Hoje estamos inseridos num mundo globalizado, um mundo de inclusão comportamental, ambiental, religiosa, político e social, nos colocamos abertos a este mundo através de nossos contatos, seja de forma virtual ou pessoal e em ambas as situações temos que respeitar o outro da mesma forma que queremos ser respeitados. Nesse contexto o código de conduta ética e moral entram em ação de forma muito mais ampla do que ocorria no passado.

Analisando pelo lado Kantiano tem-se que a ética deve nos conduzir a realização plena do puro dever e só alcançamos este grau de plenitude agindo de forma boa e útil respeitando o outro, agindo com comprometimento e respeito a tudo que nos cerca.

Para Kant […] “todas as éticas que se fundam sobre conteúdos comprometem a autonomia da vontade, implicam uma dependência dela e em relação às coisas e, portanto, comportam a heteronomia da vontade; em particular, segundo Kant é heterônoma toda ética que se fundamente sobre a "busca da felicidade" (eudemonismo), porque introduz fins "materiais". O homem deve, portanto, agir não para obter a felicidade, mas unicamente pelo puro dever. Todavia, agindo pelo puro dever, o homem se torna "digno de felicidade". (REALE, G., ANTISSERI D. 2005, p. 346)

Podemos concluir que a ética pode nos conduzir as condições que nos proporcionam um estilo de vida mais útil e consequentemente mais feliz e isso pode ser alcançado através do respeito ao próximo, respeito às leis e principalmente respeito a nós mesmo. Aprendendo a nos respeitar iniciamos o processo de respeitar o outro como a nós mesmo, desta forma estaremos comprometidos com o puro dever.

 

BIBLIOGRAFIAS:

REALE, Giovanni, ANTISSERI, Dario, História da Filosofia de Spinoza a Kant, SP, Paulus, 2005.

ALENCASTRO, Mario Sergio Cunha, Ética Empresarial, Curitiba, Ibex, 2010.

 

Wagner Passos é filósofo, pós-graduado em Pedagogia Empresarial e coordenador do GGQ do Simespi

 

 

 

 

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